Faltando oito meses para a eleição  nada está definido, mas os nomes são os mesmos de sempre

 

Uma corrida que se repete a cada quatro anos, quase sempre com os mesmos personagens em busca de cargos estaduais ou da permanência no poder. Assim é eleição geral em Mato Grosso. Sem atenção da parte de quem olha, fotos de 2020, 2018, 2014… 2002 podem parecer que foram feitas no mesmo dia tamanha a longevidade de políticos na esfera pública. Daqui a exatos oitos meses, em 2 de outubro, a classe política estará nas urnas à espera de votos. Silval Barbosa e José Riva, condenados, ficarão fora da disputa; Blairo Maggi, por opção, também; porém todos ou quase isso, a começar por Carlos Bezerra (MDB), que se candidata desde 1970, e Júlio Campos (DEM), desde 1972; e do deputado estadual Ulysses Moraes (PSL) que disputou o primeiro mandato em 2018, ex e detentores de cargos eletivos estarão atrás de votos, agora sem coligação para os cargos proporcionais e com menos candidatos pelo freio imposto pela legislação. A sinalização sobre candidaturas é grande, mas antes boa parte dos pretendentes trocará de partido durante a janela de filiação que se abre de 3 de março a 1º de abril.

A eleição presidencial não terá nomes mato-grossenses, mas mexerá com a estrutura social. A disputa deixará em campos opostos os que apoiam a tentativa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e figuras de formação socialista, de centro-esquerda e comunistas que defendem a volta do ex-presidente Lula da Silva (PT) ao poder. A polarização Bolsonaro e Lula é previsível e aparentemente o presidente leva vantagem, a julgar por outras disputas presidenciais, inclusive com a participação de Lula, nas quais os petistas foram derrotados. O tom dos debates nas redes sociais em Mato Grosso e manifestações com outdoors e caravanas a Brasília sinalizam que o voto ao Planalto terá influência para a escolha dos demais cargos, inclusive de governador.
O centro das atenções será a corrida ao Palácio Paiaguás. Ninguém duvida que o governador Mauro Mendes filiado ao Democratas em fase de transformação para União Brasil tentará a reeleição. A partir daí tudo é dúvida sobre o amanhã do governante, a começar pela composição de sua chapa, aliança com candidato ao Senado e apoio para presidente.
O candidato a vice de Mauro Mendes, sua aliança para o Senado e, claro, sua opção entre Bolsonaro e Lula despertam mais interesses do que o nome que deverá enfrenta-lo nas urnas. Otaviano Pivetta, eleito vice-governador pelo PDT em 2018 desfiliou-se; durante algum tempo Pivetta insistiu que não seria candidato em 2022, mas nos últimos dias adiantou que concorrerá ao Senado, muito embora ainda não tenha definido por qual partido. Sem Pivetta surgiram os nomes do presidente da Assembleia, Max Russi (PSB), a ex-prefeita de Várzea Grande, Lucimar Campos (DEM) e Adilton Sachetti (PRB), que foi prefeito de Rondonópolis e deputado federal. No campo da hipótese e levando em conta filiação partidária e domicílio, Adilton e Max têm sustentação, o que em tese não acontece com Lucimar que além de pertencer ao partido do governador é de Várzea Grande, na região metropolitana, o que pode gerar descontentamento regional pela concentração de nomes na Grande Cuiabá.


Feijão com arros ou Pivetta e Mauro Mendes
A cadeira de senador em disputa é nevrálgica para o governante. Em tese, o senador Wellington Fagundes (PL) é o grande adversário de Mauro Mendes. Uma aliança entre eles dependerá de entendimento sobre a candidatura a presidente, pois Wellington preside regionalmente o PL. Ou seja, o sim de Mauro Mendes teria que ser casado com idêntica resposta a Bolsonaro e quanto a isso cabe a pergunta: o grupo palaciano aceitará o governador no palanque com o presidente? Mais: Mauro Mendes e Pivetta são companheiros de longa data. Com Pivetta ao Senado, esse companheirismo não seria mantido? E o deputado federal Neri Geller (PP) que sonha com o Senado? Mauro Mendes conseguiria administrar eventual frustração por parte dele ao ser preterido e obrigado a recuar para a tentativa de reeleição à Câmara?
Wellington é considerado conciliador, mas sem abrir mão de suas ambições. Caso não seja possível uma dobradinha Mauro Mendes-Wellington, o senador disputaria o Senado mesmo sem um palanque ao governo ou tentaria vencer o governante ao Paiaguás, o que não conseguiu em 2018? A complexidade é grande. Analistas entendem que mesmo com Wellington brigando pelo Paiaguás, seria importante para Mauro Mendes dobrar com Pivetta, mas mesmo nesse contexto Neri ficaria fora e, pior, de ambas as chapas, já que Wellington não poderá lhe estender a mão, depois de sua declaração sobre os momentos de glória que experimentou quando ministro da Agricultura de Dilma Rousseff, o que causa urticária em Bolsonaro.
A disputa não se encerra entre esses nomes. O deputado estadual petista Lúdio Cabral quer uma mulher de seu partido concorrendo ao governo. Essa candidatura seria puxada por Lula. Esse nome poderia ser a deputada federal Rosa Neide, mas ainda que não se viabilizasse uma candidata, restaria ao PT resgatar o ex-deputado federal Carlos Abicalil. Ainda no campo da hipótese, Abicalil poderia formar chapa tendo o prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio de vice. Pátio vive entre tapas e beijos – mais tapas – com o Solidariedade e em dezembro de 2021 até ensaiou em instalar um suprapartidário comitê-pró Lula em Cuiabá. Com uma acomodação partidária de centro-esquerda para o prefeito de Rondonópolis seria possível cristalizar uma dobradinha para enfrentar Mauro Mendes ou ainda o governador e Wellington.
O procurador Mauro tem cadeira cativa
Procurador Mauro (PSOL) é um nome apagado fora do período eleitoral, mas basta o calendário apontar eleição que ele ressurge. Não será surpresa se o mesmo entrar na disputa ao governo ou ao Senado. Afinal desde 2006 Mauro César Lara de Barros, o Procurador Mauro, está no palanque. Foi candidato a governador em 2006; a prefeito de Cuiabá em 2008, 2012 e 2016; deputado federal em 2014; e senador em 2010, 2018 e 2020 em eleição suplementar.
Os senadores Jayme Campos (DEM) e Carlos Fávaro (PSD) não figuram entre os prováveis candidatos ao governo. Jayme assumiu o cargo em 2019 e Fávaro venceu a eleição suplementar em 2020. Ambos são aliados de Mauro Mendes; Jayme é marido de Lucimar Campos, cotada para vice-governadora na eventual chapa do governador à reeleição.
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