Chanceler alemão, Olaf Scholz, garantiu hoje que "nenhum soldado" será enviado para a Ucrânia por países europeus ou da NATO, rejeitando possibilidade levantada ontem pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.

Em conferência de imprensa esta terça-feira (27.02), o chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que o que foi decidido entre os europeus desde o início "continua a ser válido para o futuro", nomeadamente que "não haverá tropas no terreno, nem soldados enviados por Estados europeus ou pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) para solo ucraniano".

"É importante garantir sempre isto", acrescentou Scholz na cidade universitária de Friburgo em Brisgóvia, no estado de Baden-Vurtemberga, no sudoeste da Alemanha, afirmando que existe "uma grande unanimidade sobre esta questão" entre os aliados da Ucrânia.

Scholz estava a reagir às declarações proferidas na segunda-feira (26.02) por Emmanuel Macron, nas quais o Presidente francês afirmou que o envio de tropas terrestres para a Ucrânia não deve "ser excluído" no futuro, apesar de considerar que "não existe consenso" sobre o assunto nesta fase.

"Faremos tudo o que for necessário para que a Rússia não possa ganhar esta guerra", afirmou Macron, no final de uma conferência internacional de apoio à Ucrânia, que contou também com a presença de Scholz.

A conferência, organizada de urgência pelo Presidente francês com a presença de 27 outros países, surge num momento crítico para a Ucrânia, que se encontra na defensiva contra o exército russo, após o fracasso da sua contraofensiva no ano passado, e à espera de armas ocidentais adicionais.

Envio de armas

O chefe de Estado francês também pareceu apontar implicitamente a mira a países como a Alemanha, que durante muito tempo se mostraram relutantes em entregar certas armas a Kiev.

"Muitas pessoas que hoje dizem 'nunca, nunca' são as mesmas que diziam 'nunca tanques, nunca aviões, nunca mísseis de longo alcance' há dois anos", afirmou Macron.

Pouco antes, em Berlim, o chanceler alemão tinha recusado seguir o exemplo da França e do Reino Unido no envio de mísseis de longo alcance para Kiev, argumentando que isso "não seria razoável" porque poderia "envolver" a Alemanha diretamente na guerra desencadeada pela Rússia.

Olaf Scholz rejeitou categoricamente o pedido da Ucrânia de enviar mísseis alemães Taurus, que têm um alcance superior a 500 quilómetros e permitiriam a Kiev atingir alvos no interior do território russo.

O Taurus é o equivalente ao Storm Shadow/Scalp, desenvolvido em paralelo pelos britânicos e franceses, que foi entregue à Ucrânia (250 quilómetros de alcance).

Membros da NATO

Através de um porta-voz, o gabinete do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, indicou que "um pequeno número" de militares britânicos encontra-se no terreno "para apoiar as forças armadas ucranianas, particularmente em termos de formação médica". Mas garantiu que o Reino Unido não tem planos para enviar mais tropas para a Ucrânia: "Não estamos a planear um destacamento em grande escala", afirmou.

Também o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, disse hoje que o envio de tropas para a Ucrânia "não está na ordem do dia" neste momento, numa altura em que o país está prestes a tornar-se membro da NATO.

Na segunda-feira, o Parlamento húngaro ratificou hoje a adesão da Suécia à NATO, o passo final necessário para o país nórdico que deseja aderir à Aliança Atlântica desde a invasão russa da Ucrânia.

A candidatura de Estocolmo foi aprovada por uma esmagadora maioria de deputados (188 votos em 199 lugares), após quase dois anos de espera.


FONTE: DW BRASIL