SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O presidente da Argentina, Javier Milei, e sua vice, Victoria Villarruel, se desentenderam publicamente nesta quarta-feira (13) após ela, que também é presidente do Senado, marcar a votação do chamado "decretaço" sem aviso.

Villarruel agendou votação de "decretaço" para nesta quinta-feira (14). Em dezembro do ano passado, Milei publicou um Decreto de Necessidade e Urgência, espécie de medida provisória, que declara emergência e revoga ou altera mais de 300 leis para desregular a economia do país.

Milei expressou desconforto publicamente. Em nota divulgada nas redes sociais, ele não cita nomes, mas diz estar preocupado com "a decisão unilateral de alguns setores da classe política, que pretendem avançar com uma agenda própria, sem consulta".

Presidente teme derrota da medida. "Uma potencial rejeição do DNU [...] seria um grave retrocesso para os direitos e necessidades do povo argentino", escreveu. "O governo nacional espera que o poder legislativo não se deixe cativar pelo canto de sereia de quem pretende conquistar vitórias de curto prazo em detrimento do futuro de 45 milhões de argentinos".

Milei não foi consultado, nem recebeu explicação de porque foi contrariado, segundo fontes ouvidas pelo jornal argentino La Nación. A votação acontece nesta quinta-feira (14) às 11h (horário de Brasília), e a expectativa é de "tensão máxima" entre os partidos governistas e de oposição.

O QUE É O 'DECRETAÇO 'DE MILEI?

Anunciado em 20/12, dez dias após a posse dele, o DNU reúne as bases para a implantação de um novo plano econômico. O texto também trata da privatização de estatais, como as Aerolíneas Argentinas, e fim dos limites para exportação.

Centrais sindicais fizeram greve geral em janeiro deste ano, e milhares de pessoas foram às ruas dizendo que "a pátria não se vende".

Justiça argentina suspendeu decreto temporariamente. A Câmara Nacional do Trabalho da Argentina questionou a necessidade de o governo adotar tantas medidas por decreto, sem o aval do Legislativo.

Argentina vive crise econômica, com inflação de três dígitos nos últimos 12 meses, dívida externa crescente e a maior taxa de pobreza dos últimos 20 anos.


FONTE: FOLHA DE S.PAULO